Lagarta – Processionária do pinheiro!

Os cães, e especialmente os mais jovens, são bastante curiosos, e estão constantemente a farejar que vêem.
Podem assim inalar ou lamber espécies animais possuidoras de propriedades tóxicas como insectos, cobras, sapos, lagartas, sendo frequentemente vítimas da sua própria curiosidade.

Neste caso o “inimigo” que se pretende divulgar é a “Lagarta-do-Pinheiro, a Processionária do Pinheiro, cujo nome científico é Thaumetopoea pityocampa.
É uma espécie mediterrânea que se encontra numa larga distribuição geográfica na sub-região mediterrânica. Muito comum em Portugal, Espanha, Sul de França, Itália (excepto Sardenha), sul da Alemanha, Suíça, Hungria, Bulgária, Grécia, República Checa, Turquia, Síria, Líbano, Palestina, Tunísia, Argélia e Marrocos.

 

Foto gentilmente cedida por Dário Rodrigues

Processionária do Pinheiro – Foto tirada hoje, gentilmente cedida por Dário Rodrigues

 

Esta lagarta apesar de parecer inofensiva é uma praga devastadora para o pinheiro, para toda a floresta e pode causar graves problemas para a saúde pública, sendo muito perigosa para quem entra em contacto directo com a mesma, como os animais domésticos, os animais selvagens e o ser humano particularmente as crianças.

Baptizada de Processionária, nome que vem da palavra “procissão”, visto que numa fase do seu ciclo de vida (entre Janeiro e Maio), estas lagartas descem dos ninhos e deslocam-se em fila, à procura de um local para se enterrarem sempre lideradas por uma fêmea.

 

lagarta-pinheiro

 

Estas lagartas possuem 8 receptáculos com cerca de 100.000 pêlos urticantes. Ao movimentarem-se, estes receptáculos abrem-se libertando entenas de miçhar destes pêlos,  aumentando a possibilidade de intoxicação de um animal ou pessoa que entre em contacto com eles.
Os pêlos agem como agulhas, injectando as substâncias tóxicas na pele ou mucosas.

 

ninho

Os ninhos da Processionária são facilmente visíveis e identificáveis nos pinheiros

 

Sempre que se avistarem estes ninhos, devem ser contactadas as autoridades competentes, normalmente juntas de freguesia, informando a sua existência.
Caso estes se encontrem numa propriedade (sua) privada, de forma alguma se deve entrar em contacto com eles ninhos e devendo utilizar-se luvas protectoras e máscara. Estes ninhos devem ser queimados com os cuidados necessários para evitar incêndios, devendo colocar-se o fogo de forma a que os fumos da combustão não atinjam o ser humano ou animais pois são igualmente tóxicos.

Relativamente aos cães, as substâncias tóxicas libertadas pela Processionária provocam uma reacção alérgica extremamente intensa de onde ocorre geralmente uma necrose (morte) dos tecidos.
Em determinados casos, a sua gravidade pode tanta que a que a única solução seja mesmo a eutanásia – pois será impossível garantir o mínimo de qualidade de vida do animal.

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Caso de Necrose na boca do cão.

 

Os ataques da Processionária do Pinheiro variam de intensidade consoante o nível populacional, o qual é fortemente influenciado pelas condições meteorológicas (temperatura e insolação), pelo conjunto de inimigos naturais (insectos parasitóides e predadores, fungos, bactérias, vírus e pássaros) activos em cada estádio aéreo ou subterrâneo da praga e pela qualidade e quantidade de alimento, o que influencia a fecundidade das fêmeas.

 

Como lidar com a Processionária:

Durante os passeios é necessário tomar extrema atenção ao animal sendo mesmo aconselhável mantê-lo com trela, especialmente se for cachorro.
Não o leve para baixo de pinheiros com ninhos e tenha atenção a possíveis procissões das lagartas.

O meu cão entrou em contacto com uma lagarta do pinheiro, o que fazer?

Situação de emergência!

Deve levar o cão imediatamente ao veterinário, porque se efectivamente o animal não for assistido os danos podem ser bastante comprometedores e irreversíveis.
Caso o contacto seja com um humano, assim que se aperceba de uma situação deste género, lave com abundância a zona que contactou com a lagarta e dirija-se imediatamente para um hospital.

O seu ciclo de vida é o seguinte:

ciclo

  1. Estado adulto da borboleta (entre Junho a Setembro) e início do processo de reprodução;
  2. Habitam as copas das árvores e morre a fêmea;
  3. Eclosão (30 a 45 dias após a postura), do Verão até ao início do Outono;
  4. Formação de grupos de lagartas no local da postura, onde se alimentam e tecem ninhos provisórios (Indicado com os números 1º e 2º);
  5. Formação de ninhos de Inverno, a partir do indicado com nº3. É nesta fase que sofrem a segunda muda e surgem os pelos urticantes;
  6. Descida em procissão das lagartas do 5º instar, encabeçada por uma fêmea, normalmente a partir do início da primavera;
  7. Agregação no solo a uma profundidade média de 10 cm, onde cada lagarta tece um casulo que passa a pupa, permanecendo em repouso (diapausa);
  8. Passagem de pupa para borboleta (metamorfose). Reiniciando-se o ciclo.

Formas de luta preventiva contra a Processionária do Pinheiro (conforme ciclo de vida apresentado acima)

De Junho a Setembro (1), (2), (3) e (8) captura de borboletas (machos) através de armadilhas com feromonas sexuais colocando entre 1 a 3 armadilhas por hectare
Setembro a Outubro (3) destruição das lagartas (até 8-10 mm) através de tratamentos químicos, nomeadamente inibidores de crescimento como o diflubenzurão, ou hormonas de mutação nos insectos como a tebufenozida e insecticidas microbiológicos à base de Bacillus thuringiensis.
Setembro a Novembro (3) e (4) destruição das lagartas até 30 mm através de microinjecção nos troncos, quando não se pretende tratar grandes áreas.
Novembro e Dezembro (5) remoção manual dos ninhos em árvores jovens ou uso de insecticida piretróide de síntese com a deltametrina.
Fevereiro a Maio (6), (7) e (8) destruição das lagartas no momento de descida da árvore em procissão através de cintas embebidas em cola à base de poli-isolbutadieno em volta do tronco das árvores, e/ou da recolha manual e queima das lagartas encontradas no solo.

chapim

 

 

 

Uma das formas de prevenção biológica é a construção de ninhos e a introdução do chapim na comunidade, pois a lagarta faz parte da sua dieta.

 

 

 

 

 

 

Fonte: Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas

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